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Música e moda desfilam juntas

Responsável por dar o ritmo e o ambiente ao desfile, a variedade das músicas vem ocupando as passarelas



Créditos da imagem: Agência Fotosite
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Modelos desfilam ao som de rabeca
Redação Sou BH
22/01/15 às 21:06
Atualizado em 01/02/19 às 20:01

Por Camila de Ávila, jornalista Sou BH

Na última noite de desfiles do Minas Trend, ocorrida ontem (8), os acordes da rabeca foram ouvidos densamente durante a apresentação da coleção de Lucas Magalhães. Antes das modelos entrarem na passarela já se sabia que o que viria era algo regional e bem brasileiro. Mas e aí? Qual a importância e força da música na apresentação de moda?

Para a cantora de samba carioca radicada em Minas Gerais, Aline Calixto, que estava na primeira fila, a música é fundamental nestes eventos. “Acho que música e moda andam juntas. Ela leva o universo e o conceito do desfile para as pessoas. A música ambienta o espectador do desfile que no primeiro acorde já sente o que vem por aí”, explica. Aline que ressaltou a trilha do desfile de Lucas Magalhães. “A música do desfile do Lucas é belíssima”.

Aline Calixto já cantou num desfile em 2013 para a coleção do estilista Victor Dzenk inspirada em Clara Nunes. O desfile aconteceu no Parque das Mangabeiras e apresentava uma moda praia cheia de saias de renda branca bem à moda da cantora mineira guerreira.

Segundo Paulinho DJ, de São Paulo, que estava fazendo o som dos desfiles do Minas Trend e trabalha há 21 anos com moda, a trilha sonora dos desfiles evoluiu. “Quanto mais variedade melhor. Fiz um desfile na última temporada que a trilha foi cantada pelo Filipe Catto (cantor e compositor gaúcho)”, explica.

A trilha de um desfile, de acordo com Paulinho, sempre tem a ver com a coleção. “Às vezes é a música que inspira o estilista a criar a coleção”, conta o DJ. “A música é imprescindível num desfile, pois ela dá o tom e o ritmo da apresentação das modelos e até dos looks”.  Outra fator ressaltado por Paulinho é o tempo da música. “Acho que não pode passar de sete minutos porque senão fica boring. Este é o tempo ideal. Muitas vezes o estilista chega com uma música de dois minutos aí temos que aumentar”, conta. No caso da música do desfile do estilista Lucas Magalhães a música teve que ser cortada.

Há casos em que a trilha é composta especialmente para o desfile com base em um instrumento ou em um tema. Quando a música é executada ao vivo com o desfile, Paulinho diz que é um risco que o estilista corre. “Se a trilha executada com o desfile, com a presença de um cantor não condiz com os looks, a música pode chamar mais atenção que o desfile e quando isso acontece a crítica vem em cima”, afirma. Paulinho DJ afirma que tem que haver uma simbiose entre música e look. “Por exemplo, no desfile do Alexandre Herchcovitch agora, a música estava em consonância com os óculos dos modelos”, constata.

A moda tem a fama de usar a música eletrônica e Paulinho afirma que isso está mudando. “Principalmente em desfiles de moda praia, há a presença intensa da bossa nova e da música brasileira. Atualmente tem muito estilista usando a música nacional, a mpb, em seus desfiles”, conta.

O stylist Paulo Martinez diz que a música tem que mexer com o espectador. “Escolho as músicas dos desfiles que trabalho com o coração. Acredito que tem que emocionar, tem que passar uma mensagem naquela hora e marcar a pessoa que está assistindo”, explica. Ele diz que sempre procura trabalhar em conjunto. “Normalmente estudo as músicas dos desfiles com o DJ Zé Pedro, com quem trabalho há algum tempo”, diz.

Martinez foi o responsável pelo desfile da grife Mabel Magalhães no Minas Trend que se apresentou com música de Astor Piazzola chamada “Libertando”. Segundo o stylist essa música “remete a coisa do poder, do feminino, que foi o que a marca me apresentou”, conta.