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Projetos querem espalhar amor por BH

Com diferentes ações, jovens criam maneiras de dividir sentimentos com o próximo



Créditos da imagem: Lucas Aguiar
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Projeto He-arts espalha corações por BH e em redes sociais
Redação Sou BH
22/01/15 às 20:58
Atualizado em 01/02/19 às 19:59

Por Débora Gomes, jornalista Sou BH

Já imaginou receber uma carta de alguém que não vê há anos, de um amigo ou de um amor “quase” esquecido? Em tempos em que a internet facilita e agiliza a comunicação, receber um envelope com palavras escritas à mão é uma demonstração de afeto e dedicação sincera.  E, seguindo o objetivo de estimular a aproximação por meio da palavra, o projeto “Chá com Cartas” vem espalhando amor por alguns cantos de BH desde 2012.

O “chá” foi criado pelo designer e artista Ramon Brant, 23. Ao receber uma carta de uma amiga, com os dizeres “Saudade é o amor que fica”, o jovem se viu com o desejo de compartilhar bons sentimentos com o mundo. “A carta mexeu muito comigo. O projeto parte da necessidade de fugir do cotidiano, desacelerar e pensar mais no outro”, conta.

O projeto desenvolve várias ações, dentre oficinas e intervenções, mas, segundo Ramon, a principal delas é chamada “plantação e colheita”, realizada em três dias. “No primeiro, um de nós sai às ruas, caracterizado de mensageiro antigo e deixa envelopes pelas casas da cidade. Um recado vai dentro do envelope: ‘escreva uma carta para um amigo, um parente, um amor, que no dia seguinte o nosso mensageiro irá recolher sua carta e levar pessoalmente até o destinatário’”, explica o idealizador do projeto. Em um segundo momento, as possíveis cartas são recolhidas e, no terceiro dia, são entregues pessoalmente aos destinatários. “Espero reforçar os encontros, estreitar os laços e alimentar as relações de todos que tiverem contato com o projeto e com a arte de escrever cartas”, analisa Ramon.

Também com a ideia de dividir amor pelos quatro cantos da cidade, o designer Lucas Aguiar, 27, criou o “He-arts”. O projeto consiste em espalhar ilustrações de corações em pontos da capital e também nas redes sociais, todos carregados de sentimentos, cultura e poesia. “Estava folheando uma revista sobre Arte e Design quando li a palavra coração, e percebi que a separação dela gera duas: cor e ação”, conta Lucas.

E foi com a ilustração de um coração humano, colorido, em formas irregulares, na intenção de demonstrar confusão e sensibilidade que, sem qualquer pretensão, Lucas ganhou diversas “curtidas” nas redes sociais e viu ali uma oportunidade de demonstrar suas inquietações e sentimentos.  “É uma externalização de algo que se é. Cada um tem sua própria bagagem dentro do seu próprio coração”, explica o designer, que já transformou alguns de seus desenhos em adesivos e colou em ruas do Centro e Savassi.

Hoje, com pouco mais de dois meses do He-arts, Lucas possui quase quatro mil seguidores no Instagram e já teve algumas de suas ilustrações compartilhadas por famosos nas redes. “Se as pessoas forem tocadas de alguma forma, emocionalmente, sentimentalmente, e o principal, sinceramente por qualquer coisa que tenha sido feita pelas minhas mãos, eu já acho tudo isso válido”, completa Lucas.

E, quando se fala em amor, não há como esquecer o “Em Nome do Amor”, coletivo criado na intenção de ocupar a cidade celebrando o amor em suas diversas formas. “Ele surgiu em agosto de 2013, a partir da brincadeira que fiz com um amigo. Naquela época, achava que faltavam lugares de encontros na cidade, produzidos especialmente com essa proposta de despertar afetos”, conta uma das idealizadoras do projeto, Gabriela Lotus.

O “Em Nome do Amor” já realizou diversos encontros na capital, sempre em praças e locais públicos, “bem no estilo bailinho, como os do Silvio Santos”, exemplifica Gabriela. Assim como o Chá com Cartas e o He-arts, o projeto coletivo não possui patrocínio ou ajuda financeira. “Há sempre colaboração de gente de boa vontade, das músicas à decoração”, completa a idealizadora, garantindo que o coletivo está sempre aberto a somar e “abraçar quem chega”.

O projeto possui uma página no Facebook em que divulgam eventos e ações, além de compartilhar textos e palavras de amor e afeto. “Acho que a maior mudança é as pessoas entenderem e internalizarem que o espaço público é nosso. E que está aberto aos encontros e celebrações. Em minha vida, o ‘Em Nome do Amor’ é a constatação de que o amor existe e é mesmo feito a muitas mãos”, conclui Gabriela.